Lavandas Portuguesas

Quando se fala na flora mediterrânica, a Lavanda surge como planta de eleição. Se considerarmos as variedades e os Lavandin (híbridos) a acrescentar às diversas espécies e subespécies que existem dentro deste género, perdemo-nos num mar de Lavandas.
As espécies do género Lavandula dividem-se por secções. Esta divisão é importante porque as espécies em cada uma das secções respondem de forma idêntica às mesmas condições culturais e, por exemplo se as Lavandas apreciam a exposição solar, a boa drenagem e temperaturas amenas a quentes, as do grupo Spica suportam melhor os climas mais frios do que as do grupo Stoechas que, por outro lado são mais rústicas que as do grupo Pterostachys. As lavandas que na natureza têm maior representatividade em Portugal pertencem à secção Stoechas e são vulgarmente chamadas de Rosmaninhos. São estas a L. luisieri, a L. viridis e a L. pedunculata. Nesta secção encontram-se também a chamada Lavanda-espanhola (L.stoechas subsp. stoechas) e a Lavanda-francesa (L.dentata).
As plantas da secção Stoechas distinguem-se das outras Lavandas pelas três longas brácteas violetas ou brancas no topo da espiga (flor) que parecem uns pequenos ananases escuros com folhas de cor viva.
A L. pedunculata distingue-se de L. luisieri pelas hastes das flores mais longas (pedúnculo), e L. viridis (Rosmaninho-verde) distingue-se pela tonalidade verde-amarelado ou branca da espiga e pela intensa concentração de pêlos glândulares.
A L. pedunculata e a L. luisieri abundam no Nordeste, Centro e Sul enquanto a L. viridis é mais difícil de encontrar, ocorrendo apenas no Sudoeste e Sudeste alentejanos e no Barlavento algarvio (endemismo).
A L. luisieri é pioneira, surgindo após os fogos em pinhais e sobreirais. Prefere solos mais ácidos do que a maioria das lavandas.
A L. pedunculata com tem cinco subespécies das quais três são endémicas em Portugal. São elas a L. pedunculata subsp. pedunculata que ocorre no Ne de Portugal e prefere solos mais alcalinos; a L. x cadevalli que é um híbrido de L. pedunculata subsp. pedunculata e L. stoechas subsp. Stoechas; a L. pedunculata subsp. lusitanica que ocorre no Sul de Portugal e a L. pedunculata subsp. sampaiana que ocorre no norte e centro de Portugal.

A L. viridis, inconfundível pelas flores com brácteas verde-amarelo e pelo seu odor muito canforado está muito associada ao Sul de Portugal.

A L. luisieri encontra-se frequentemente junto a plantas da espécie L. viridis, resultando em híbridos denominados L. x alportelensis, com espigas idênticas às da L. viridis mas com um tom mas rosado. Outro híbrido de Portugal é a L. x limae, que resulta do cruzamento da L. pedunculata subsp. lusitanica com a L. viridis.

As Alfazemas que ocorrem naturalmente em Portugal são a L. latifolia (sin. L. Spica) e L.multifida duas espécies menos abundantes e distintas das primeiras. A espécie L. latifolia pertence à secção Spica e cresce apenas nos maciços calcários da estremadura e beira litoral. As plantas desta secção, que inclui ainda a Lavanda-verdadeira ou inglesa (L.angustifolia sin. L.officinalis sin. L. Vera ), L. spica sin. L. latifolia e o Lavandin (L. x intermedia) que é um híbrido da L. angustifolia e da L. latifolia, distingue-se por as flores que nascem em espirais na haste, formando espigões (spica).
A L. multifida, sendo altamente termófila (isto é, prefere microclimas mais quentes), encontra-se refugiada em pequenas comunidades nas vertentes vertentes expostas a sul da Serra da Arrábida e do vale do Guadiana.



É a única representante da secção Pterostoechas na Europa central. As folha são muito diferentes das outras lavandas. O caules são peludos e as flores são bipinatisectas (divididas).

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